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"A Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, é um processo interdisciplinar educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre universidade e outros setores da sociedade.”

 

Projeto de Segurança do Paciente em Cirurgia Vascular

Projetos:Inovação de práticas clínicas para desenvolver a segurança do paciente,  reduzir mortalidade, efeitos adversos e danos em Cirurgia Vascular.

Pesquisador principal: Angela Maria Eugenio

Instituição proponente: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

Instituições coparticipantes: 4 hospitais remunerado pelo SUS no estado do Rio de Janeiro  

 

DETALHAMENTO DO PROJETO DE PESQUISA:   

Introdução:

A Segurança do paciente envolve ações promovidas pelas instituições de saúde para reduzir a um mínimo aceitável, o risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prioriza dois desafios globais na área de Segurança do Paciente: reduzir a infecção associada ao cuidado em saúde, por meio de campanha de higienização das mãos e, promover a cirurgia mais segura. No presente estudo o aspecto da cirurgia segura será o objeto de estudo através da avaliação dos processos de implantação das práticas de Segurança do paciente1

Cerca de 10% dos pacientes internados sofrem eventos adversos (EA), destes as cirurgias são uma das três causas mais comuns destes eventos e cerca de 50,6% e são evitáveis2. Mendes at al encontraram a incidência 7,6% de EA em hospitais brasileiros3.O maior índice de eventos adversos acontece após cirurgia vascular4 (CV), representando 16,1%. 

A cirurgia vascular trata doenças com morbimortalidades expressivas cujo controle requer procedimentos de alta complexidade, o envolvimento  multiprofissional e a utilização de múltiplos equipamentos e procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Em qualquer fase desta cadeia a Segurança do paciente pode ser comprometida.

Dados nacionais sobre a letalidade, sobrevida e causas de morte no Estado do

Rio de Janeiro (ERJ), Brasil, foram identificados pelo Instituto do Coração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICES/UFRJ), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ), em pesquisa que incluiu os hospitais remunerados pelo SUS no ERJ5. Foram avaliados procedimentos de cirurgia aberta e angioplastia para tratar doença arterial periférica (DAP), pagas pelo Sistema único de saúde (SUS). O estudo mostrou que na revascularização dos membros inferiores a letalidade durante a internação após cirurgia aberta foi de 7,0% e após angioplastia de 2,0%6. Trinta dias após a alta a disparidade entre letalidade de ambos os procedimentos praticamente desapareceu e foi respectivamente de 5,0% após cirurgia e 4,5% após angioplastias. O aumento significativo dos óbitos após a alta naqueles submetidos à angioplastia revelou a necessidade de melhorar a Segurança do Paciente antes, durante e após os dois tipos procedimento. Entre as causas de óbito foram significativos a menção ao diabetes, doença coronariana, doença cérebro vascular, insuficiência renal, infecções e iatrogenia7

Conhecendo os resultados de letalidade, sobrevida e causas de morte no ERJ, o presente estudo foi proposto objetivando conhecer se os procedimentos de Segurança do Paciente que estão sendo implementados seguem recomendações da OMS e ANVISA, e em que condições. Estas informações poderão auxiliar na implementação das práticas de Segurança do paciente em cirurgia vascular para reduzir as mortes, danos, prevenir eventos adversos, e aumentar a sobrevida durante a internação e até 30 dias após a alta.

A Segurança Paciente é uma atividade multidisciplinar por natureza e o envolvimento direto dos cirurgiões vasculares na liderança deste processo é indispensável considerando que, são eles os líderes naturais das equipes cirúrgicas além de ter entre suas competências desde a indicação dos procedimentos até a alta e controle pós-operatório. 

A seleção dos hospitais ocorreu da seguinte forma: Entre os hospitais participantes do estudo sobre letalidade hospitalar, sobrevida e causas de morte após a revascularização dos membros inferiores no Estado do Rio de Janeiro, foram selecionados e convidados a participar do presente projeto os hospitais que realizaram cerca de 50% dos procedimentos. Eles aceitaram e assinaram autorização por escrito concordando com o estudo e autorizando a avaliação dos prontuários durante o período da pesquisa. As autorizações estão atualizadas para o ano de 2019 e anexadas na Plataforma Brasil.O estudo incluirá hospitais universitários, hospitais próprios do SUS e hospitais privados e filantrópicos remunerados pelo SUS. Esta associação contribuirá para a obtenção de dados que permitam conhecer a realidade da Segurança do paciente em Cirurgia Vascular no ERJ. As informações poderão ser utilizadas para elaborar propostas que incluam inclusive o Sistema Único de Saúde, agente financiador e regulador do acesso aos procedimentos a serem analisados. 

O presente projeto é original no Brasil, não sendo encontrado também na bibliografia internacional estudo sobre a Segurança do paciente voltados para a CV de modo específico. 

Sua relevância pode ser caracterizada pela produção de dados brasileiros que poderão ser utilizados pelo SUS e aos hospitais onde as cirurgias são realizadas para gestão da atividade. 

 

Hipóteses:

  • Os hospitais que possuem serviços de cirurgia vascular remunerados pelo SUS no ERJ atendem às normas relacionadas à segurança do paciente determinadas pela ANVISA?
  • Os cirurgiões vasculares conhecem as normas sobre a Segurança do paciente determinadas pelo Ministério da Saúde para os estabelecimentos hospitalares?
  • Os serviços de Cirurgia vascular executam entre as rotinas de Segurança do paciente determinadas pela Anvisa, a Lista de verificação de cirurgia segura?
  • A formação dos médicos residentes em cirurgia vascular inclui a Segurança do paciente?

Objetivos primários:

  • 1. Conhecer em que se situação se encontra a Segurança do paciente nos hospitais participantes.
  • 2. Conhecer seo “check list” de cirurgia segura é coordenado pelo cirurgião vascular
  • 3. Conhecer a ocorrência de eventos adversos e óbito após cirurgia vascular antes e após a implantação do “check list” de cirurgia segura sob coordenação do cirurgião vascular para promover a segurança do paciente, reduzir mortalidade, efeitos adversos e danos em Cirurgia Vascular
  • 4. Auxiliaros os serviços a inovar e implementar as recomendações para a Segurança do paciente.

Objetivos secundários:

  • 1. Produzir dados sobre a ocorrência de Efeitos adversos após cirurgia vascular no Estado do Rio de Janeiro analisando o relato de óbito e EA nos prontuários de pacientes submetidos à cirurgia vascular.
  • 2. Observar se os procedimentos cirúrgicos são executados de acordo as normas definidas para cirurgia segura, pelo Comitê de Implementação do

Programa Nacional de Segurança do Paciente (CIPNSP)

  • 1. Avaliar e evitabilidade dos EA encontrados
  • 2. Elaborar propostas que facilitem implementação da Política Nacional de Segurança aos Paciente submetidos às cirurgias nos serviços de CV do ERJ, nos hospitais participantes do estudo.
  • 3. Avaliar a percepção das equipes, sobre a evolução na rotina de segurança do paciente após o início do estudo.

 

Metodologia proposta:

Consideração dos riscos particulares de cada etapa metodológica do projeto e as medidas de precaução e proteção adotadas para evitar danos e atenuar seus efeitos. 

  • 1 - Sensibilização nos serviços de Cirurgia vascular com a apresentação do projeto e de um vídeo da OMS sobre evento adverso fatal https://www.youtube.com/watch?v=WhGPfn2MDzY.
  • 2 – Preenchimento pelos serviços participantes de um questionário, Anexo II, informando a identificação dos estabelecimentos, o estágio em que a unidade se encontra em relação às determinações da portaria 529-MS que regula a segurança do paciente, a produção de cirurgias nos últimos 180 dias, e outras informações administrativas. As respostas ao questionário serão utilizadas para conhecer o perfil dos hospitais e dos serviços e número de pesquisadores de campo necessários para a análise dos prontuários.

Análise de risco e medidas de precaução e proteção: Em atenção ao risco potencial de identificação e extravio de informações sensíveis, danos indiretos aos estabelecimentos e para resguardo do sigilo da identificação do estabelecimento participante, os quatro hospitais serão identificados com a numeração de 1, 2, 3 e 4 respectivamente. 

3– Caberá à pesquisadora responsável pela pesquisa, médica cirurgiã, acompanhar uma cirurgia vascular em cada um dos estabelecimentos participantes.  

Análise de risco e medidas de precaução e proteção: Em atenção ao risco potencial de identificação e extravio de informações sensíveis, danos indiretos aos estabelecimentos e para resguardo do sigilo da identificação do estabelecimento participante, os quatro hospitais serão identificados com a numeração de 1, 2, 3 e 4 respectivamente. 

4 – Pesquisa de Eventos adversos e óbito nos prontuários de pacientes  submetidos à cirurgia vascular onde será avaliada a última cirurgia vascular de  cada sujeito de pesquisa utilizando-se o anexo IV modificado..

5 – Observar, documentar e descrever a comunicação visual adotada pelo estabelecimento em relação à segurança do paciente.

  • 6 – Comunicar os resultados das observações do item 3.4, e quando necessário, recomendações de medidas que facilitem a implementação do cuidado seguro de acordo comas normas do Ministério da Saúde.
  • 7 – Recomendar a implantação da Lista de Verificação de Cirurgia Segura determinada pela ANVISA sob coordenação do cirurgião vascular onde ela não estiver sendo realizada.
  • 8 - Realização de um Simpósio sobre Segurança do paciente para reduzir morte, dano e EA, incluindo os pesquisadores e equipes cirúrgicas.
  • 9 - Seleção e treinamento dos pesquisadores de campo para coleta de dados utilizando o anexo IV. Os pesquisadores de campo, que não poderão pertencer  ao quadro de colaboradores da unidade avaliada. Eles serão treinados para esta atividade e estão submetidos ao sigilo e confidencialidade das informações  acessadas conforme o que determina a RESOLUCÂO 466, de 12 de dezembro   de 2012,emitida pelo Conselho Nacional de Saúde do Ministério do Ministério da Saúde. 

Critérios de inclusão: 

Foram incluídos 4 hospitais que realizaram cirurgias vasculares e que estavam incluídos no grupo de hospitais do estudo sobre letalidade hospitalar, sobrevida e causas de morte após revascularização dos membros inferiores do ERJ. Eles 

apresentam natureza variada: públicos, beneficentes e privados remunerados pelo SUS e hospitais universitários. A inclusão dos hospitais foi consensual e eles apresentam por escrito sua concordância com a coleta de dados sobre a última cirurgia vascular realizada pelo paciente naquele estabelecimento. As autorizações estão atualizadas para o ano de 2019. Em atenção ao risco potencial de identificação e extravio de informações sensíveis, danos indiretos aos estabelecimentos e para resguardo do sigilo da identificação do estabelecimento participante, os quatro hospitais serão identificados com a numeração de 1, 2, 3 e 4 respectivamente. Este será o critério de identificação nos instrumentos de pesquisa, no caso o Anexo III que foi modificado e anexado à Plataforma Brasil conforme orientado.

Critérios de exclusão:

Serão excluídos os hospitais que caso ainda não realizar, não aceitem a recomendação concordarem em passar a realizar o “check list “de cirurgia segura coordenado pelo cirurgião vascular. A adoção do cheque list de cirurgia sob coordenação do cirurgião vascular vai de encontro a um dos dois os desafios globais na área Segurança do Paciente propostos pelo OMS. A data da implantação deste procedimento será a adotada para pesquisa de Eventos  adversos 6 meses antes e 6 meses depois de sua adoção observando se ela impactará na ocorrência de eventos adversos e morte.

Análise de dados:

Concluída a coleta de dados dos prontuários utilizando-se o anexo IV onde a identificação do sujeito de pesquisa não existe, o código adotado para relacionar o sujeito de pesquisa durante a coleta de dados será excluído. Após esta exclusão em todos os sujeitos de pesquisa será então criado um segundo banco de dados sem a identificação dos pacientes para análise dos dados. 

Este banco de dados será então analisado no programa @Epidata.Os computadores utilizados são exclusivos para a pesquisa e utilizados apenas pelos pesquisadores e não estão em rede.

Em caso de publicação só serão divulgados resultados de dados agrupados e estes não permitem a identificação individual. 

 

Benefícios:

  • Conhecer a realidade da Segurança do paciente em Cirurgia Vascular no ERJ - Produção de dados locais sobre a ocorrência de eventos adversos em cirurgia vascular no Estado do Rio de Janeiro.
  • Produção de dados brasileiros que poderão ser utilizados pelo SUS e aos hospitais onde as cirurgias são realizadas para gestão da atividade.
  • Envolver as equipes cirúrgicas diretamente nos cuidados para a segurança do paciente em cirurgia vascular no ERJ para incremento e disseminação. -  Elaborar propostas que incluam também o Sistema Único de Saúde, agente financiador e regulador do acesso aos procedimentos a serem  
  • Contribuição científica e tecnológica que auxiliem na criação de rotinas e procedimentos para segurança clínica e cirúrgicapara aumentar a qualidade do cuidado, a segurança do paciente e reduzir óbitos e danos em cirurgia vascular.

 

Resultados esperados:  

  • 1. Conhecer em que se situação se encontra a Segurança do paciente nos hospitais participantes.
  • 2. Auxiliar na implementação das recomendações para a Segurança do paciente
  • 3. Os cirurgiões vasculares poderão se basear no estudo direcionar suas ações para redução de mortes, danos e promover a segurança dos pacientes na cirurgia vascular.
  • 4. Contribuição científica e tecnológica que auxiliem na criação de rotinas e procedimentos para segurança clínica, cirúrgica, farmacológica e psicológica dos pacientes poderão ser trabalhadas a partir dos resultados da pesquisa proposta para aumentar a qualidade do cuidado, a segurança do paciente e reduzir óbitos e danos em cirurgia vascular
  • 5. Parcerias internacionais são esperadas para elaboração de parte os instrumentos de pesquisa. Na literatura internacional Portugal e Espanha estão entre os países que desenvolveram estudos nacionais sobre Eventos adversos, porém a pesquisa direcionada para a cirurgia vascular é inexistente.

 

8- Disponibilidade efetiva de infraestrutura e apoio técnico disponíveis para o desenvolvimento do projeto:   

A infra-estrutura necessária está prevista no orçamento. 

 

9- Contrapartida para o projeto (recursos financeiros de outras fontes públicas ou privadas para aplicação no projeto

As contrapartidas esperadas por parte dos hospitais incluem disponibilização de espaço, microcomputador exclusivo para inserção de dados, material de escritório, apoio à hospedagem e alimentação dos pesquisadores de campo.

 

10-.Referências bibliográficas

1 -https://proqualis.net/notciaespecial/voc%C3%AA-sabe-o-que-%C3%A9seguran%C3%A7a-do-paciente consultado em 20 de agosto de 2019

-Schwendimann R et al. The occurrence, types, consequences and preventability of in-hospital adverse events - a scoping review.BMC Health Serv Res. 2018 Jul 4;18(1):521. 

3 -Brennan TA, Leape LL, Laird NM, Hebert L, Localio AR, Lawthers AG, Newhouse JP, Weiler PC, Hiatt HH. Incidence of adverse events and negligence in hospitalized patients. Results of the Harvard Medical Practice Study I. N Engl J Med. 1991 Feb 7;324(6):370-6.  

  • 4 -Mendes W, Martins M, Rozenfeld S, Travassos C. The assessment of adverse events in hospitals in Brazil. Int J Qual Health Care. 2009 Aug;21(4):279-84.  
  • 5 -Eugenio AM, Klein CH, Albuquerque de Souza E Silva N.Hospital Lethality Following Lower Limbs Revascularization in the State of Rio de Janeiro, Brasil, 2006/10. Rev Port Cir Cardiotorac Vasc. 2015 Jan-Mar;22(1):33-40.
  • 6 -Eugenio AM, Klein CH, Albuquerque de Souza E Silva N. Causes of death after revascularization of the lower limbs through surgery and angioplasty in the State of Rio de Janeiro, Brazil, between 2006 and 2011.Rev Port Cir Cardiotorac Vasc. 2016 Jan-Jun;23(1-2):63-71.
  • 7 - Estudo ENEAS “Aranaz JM, Aibar C, Vitaller J, Ruiz P. Estudio Nacional sobre los Efectos Adversos ligados a la hospitalización. ENEAS, 2005”.

 

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